A Importância do estudo da Dermatologia Veterinária

Na rotina das clínicas veterinárias as doenças de pele estão entre as principais queixas dos donos de cães e gatos. Por estarem, muitas vezes , relacionadas a diversos fatores causadores o veterinário necessita realizar uma avaliação criteriosa do paciente, além de um bom diálogo o dono do animal durante a consulta a fim de estabelecer um diagnóstico preciso.

Por serem os problemas de pele bastante complexos e multifatoriais, buscamos aprimorar nossos conhecimentos na área de Dermatologia Veterinária para atender da melhor maneira possível os nossos clientes e principalmente promover a sáude dermatológica dos nossos pacientes.

Paula Becker *

Médica Veterinária CRMV-RS 9909

*Aluna do Curso de Especialização em Dermatologia Veterinária


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quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Sarna Demodécica em Cães

A sarna demodécica, ou demodiciose, é uma doença causada pelo ácaro do gênero Demodex sp.

Demodex é um ácaro que  pode parasitar a pele dos cães, estando mais precisamente no interior do folículo piloso. Dentro do folículo, o ácaro desenvolve e se reproduz. Conforme cresce a população dos parasitos, o folículo piloso passa por lesões que levam a queda do pêlo e produção excessiva de gordura pela glândula sebácea. Além disso o animal acaba se tornando mais suscetível a ocorrência de infecções secundárias. Na fase inicial do quadro de demodiciose o animal  não costuma  apresentar coceira. Conforme ocorre a progressão é que os sinais de parasitismo se tornam mais evidentes aos proprietários com a perda de pelos, formação de lesões devido ao prurido, aumento de oleosidade da pelagem.

A contaminação dos cães nomalmente se dá até o terceiro dia de vida. A cadela  portadora transmite aos seu filhotes a sarna pelo contato direto durante a amamentação. Outros fatores genéticos como as imunodeficiências, ou seja a incapacidade de reagir contra o parasitismo pela sarna, também são relacionados a doença.

Os quadros  de  sarna demodécica costumam aparecer durante o primeiro ano de vida dos animais. Podem ocorrer de forma localizada ( focos de lesões) ou generalizada (quando grandes áreas do corpo são afetadas). Animais mais velhos estando imunodeprimidos ou sob condições de estresse também  podem manifestar a doença de forma mais tardia.

Região axilar de um canino, SRD, 10 anos de idade, com diagnóstico de sarna demodécica.
 (Fonte: M.V. Paula Becker CRMV-RS 9909, 2012.)

O diagnóstico é realizado através do exame clinico, histórico, e do exame de raspado cutâneo, onde o veterinário coleta material das áreas com alterações da pele. Esse material é examinado em microscópio sendo possível se observar a presença dos ácaros, em formas adultas, jovens e ovos.

O tratamento pode ser realizado com várias classes de medicamentos. Cabe ao veterinário avaliar que tipo de quadro está ocorrendo para definir o melhor protocolo.  A duração dos tratamentos é longa, podendo chegar a meses, até que ocorra remissão dos sinais e não se encontre mais o ácaro nos exames de pele.

É muito importante lembrar que a sarna demodécica é uma doença de controle, ou seja, na maioria das vezes os animais apresentam melhora clínica com os tratamentos, mas podem continuar  sendo portadores dos àcaros. Atualmente diversos novos tratamentos estão sendo utilizados com eficácia bastante alta.

A melhor maneira de prevenir a disseminação da demodiciose é evitar que animais portadores se reproduzam,  visto que os fatores genéticos de imunodeficiência  serão herdados por seus filhotes e a cadela irá transmitir aos filhotes os parasitos. Ao adquirir um filhote escolha um canil idôneo, que seja sério e não tenha animais doentes em sua criação.

Caso o seu cão esteja com algum problema de pele consulte um  médico veterinário de sua confiança!
Imagem microscópica de exame parasitológico de pele onde se visualizam diversas fases de desnvolvimento da sarna demodécica - adultos, jovem e um ovo.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Alergia a Picadas de Pulgas

Nos meses de calor cresce a incidência de quadros alérgicos nos cães e gatos relacionados à picada de insetos, principalmente por pulgas.  O aumento da temperatura faz com que as pulgas proliferem-se mais rapidamente, acabam infestando ambientes e parasitando os animais.

O animal que possui alergia a picada de pulgas normalmente apresenta muito prurido (coceira), sendo as regiões mais afetadas, no cão, o dorso do corpo e posterior dos membros (região das coxas e próximo a cauda); em felinos a região da cabeça é normalmente afetada. Em muitos casos o prurido é tão intenso que o animal pode vir a perder os pêlos e  apresentar feridas nestas regiões.

O tratamento  e prevenção deste quadro alérgico consiste no uso de medicações que controlem a coceira e principalmente eliminar as pulgas com o uso de produtos tópicos de efeito inseticida.

Também se torna indispensável o tratamento do ambiente onde vive o animal, pois somente 5% da população de  pulgas estão presentes no corpo dos cães e gatos. O restante, 95%, estão no ambiente sob forma de insetos adultos, larvas e ovos. Então, não basta eliminar as pulgas do animal, se ele pode se reinfestar a partir do meio ambiente.

Os produtos antipulgas e anticarrapatos devem ser sempre adequados a espécie que deve ser tratada. Nunca aplique produtos  contra parasitos, por exemplo para bovinos e equinos, que não sejam recomendados para cães e gatos na bula.   Aos felinos principalmente deve-se tomar cuidados evitando produtos não adequados pois esta espécie é muito sensível e facilmente se intoxica com substâncias inseticidas. Sempre seguir a recomendação de aplicação dos fabricantes quanto a dose por peso e frequência das aplicações.

Também não devem ser aplicados produtos para tratamento de ambientes como se fossem para tratamento direto nos animais. As consequências  das intoxicações por contato da pele dos animais com estes produtos podem levar inclusive ao óbito.

Na dúvida consulte  e siga as orientações de um Médico Veterinário, não coloque em risco  a saúde  do seu amigo!

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Por que os cães e gatos se coçam?

Muitos proprietários buscam os serviços veterinários porque seus animais estão se coçando. As causas de coceira, ou prurido, podem ser as mais variadas. Em alguns casos  o prurido não se manifesta pelo ato de coçar com as patinhas, mas sim pelas lambeduras. Aquele animal que se lambe excessivamente também pode estar sofrendo com prurido.

O prurido está relacionado a quadros inflamatórios da pele, tanto infecciosos ( causados por microorganismos - bactérias, fungos), por quadros de parasitismo ( picadas de pulga, carrapatos e acometimento por sarnas) e também em quadros alégicos de outras naturezas ( como alegias respiratórias, alergias alimentares, por exemplo).

Além do fato de que muitos animais se coçam com bastante intensidade tirando muitas vezes o sono de seus donos, vale lembrar que as lesões de pele  pelo ato de coçar e lamber podem expor os cães e gatos a infecções secundárias prejudicando além da estética , pela perda dos pêlos, a saúde. Em casos mais crônicos podem ocorrer lesões neoplásicas naqueles locais de lesões muito frequentes, como os carcinomas de pele.

A definição das possíveis causas do prurido é realizada através da anamnese e exames clínicos e laboratoriais na consulta veterinária. Os proprietários dos animais acometidos devem relatar hábitos, alimentação, ambiente onde os cães e gatos vivem, entre outros diversos aspectos a fim de que se  possa determinar  que fatores estão levando ao aparecimento das coceiras.

Em vários casos os pacientes apresentam mais de um fator desencadeante. Por isso os cuidados indicados na pelo veterinário e a importância dos retornos e reavaliações clínicas são indispensáveis para que se perceba o grau da melhora clínica e se  mantenha a saúde da pele.

Evite medicar por conta própria o seu animal com medicamentos antipruriginosos como os corticóides e antialérgicos. Você pode estar mascarando a causa do prurido e não tratando o quadro. Além disso o uso indiscriminado destes medicamentos  pode levar a doenças bastante  graves.

Sempre procure um médico veterinário e proteja  a saúde do seu bichinho!

quinta-feira, 21 de julho de 2011

O meu animal está com um fungo?

- Dra, o meu animal está com um fungo?

Essa é uma pergunta muito frequente em consultas de pacientes com problemas de pele. A idéia de doenças serem  causadas por fungos, ou não,  é uma das dúvidas mais  comuns dos proprietários.

Como em toda doença de pele, esta dúvida só pode ser esclarecida após a avaliação clínica minusciosa de todo corpo do animal e também a realização de exames como a visualização da pelagem sob luz especial (lâmpada que permite identificar alguns tipos de fungo nos pelos) e a realização de exames complementares laboratoriais de microscopia e cultura fúngica.

Apenas a visualização de lesões de pele  não permite ao veterinário um diagnóstico definitivo, pois os sinais do paciente como perda de pelos e coceiras, por exemplo, podem estar relacionados a   diversas enfermidades dermatológicas como: seborréias, alergias, infecções bacterianas, entre outras.

O uso de medicamentos antifúngicos deve ser realizado apenas sob indicação e prescrição do médico veterinário. Alguns medicamentos podem ser prejudiciais quando usados de forma inadequada. Portanto procure um veterinário para não colocar em risco saúde do seu bicho.

Atualmente foi desenvolvida uma vacina para auxiliar na melhora da imunidade frente aos fungos dermatófitos.

Vale lembrar que as micoses de pele, chamadas de dermatofitoses,  podem ser transmitidas as pessoas através do contato com animais infectados, e nunca é exagero procurar um veterinário no caso do seu cão ou gato apresentar alguma alteração de pele.

Paula Becker
Médica Veterinária
Pet da Plínio - Clínica Veterinária
Cultivo fúngico em meio específico para fungos dermatófitos onde houve crescimento de colônias da espécie Microsporum canis.

Lesão causada pelo fungo Microsporum Canis em região cranial de paciente canino Yorkshire